quarta-feira, junho 12, 2013

Protesto civilizado

O retorno da lógica “estupra, mas não mata”

Eu sei. Você não é favorável aos protestos contra o aumento de passagem do ônibus. Não concorda com a depredação do patrimônio público e considera injustificável o rastro de destruição deixado pelos manifestantes. Ou melhor, os tais baderneiros, vândalos e terroristas.

Manifestantes na avenida Paulista (Foto: Ricardo Rosseto)

Dessa linha de raciocínio também comunga a prefeita de São Paulo em exercício, a vice Nádia Campeão que, na rádio Estadão-ESPN, qualificou os atos como condenáveis. A população idem. Hoje, o avatar Rua Xingu, às 9h30, comentou no portal Globo.com “protesto por aumento de 20 centavos é uma vergonha”; o internauta Luiz Ruivo Filho, às 10h, no UOL, concluiu “certamente não se trata de um protesto natural mas, isto sim, da execução de um cronograma muito bem engedrado por baderneiros e desocupados que remete ao terrorismo. É próprio de deliquentes. Lamentavel. Tem de ser combatidos com rigor.”

Em menor número existem na seara digital oficial, mais precisamente no portal Terra, uns tais Dirceus – não o José, mas o Ribeiro – questionando a interpretação dos fatos: “os 'BADERNEIROS' fizeram uma manifestação por uma causa justa. E 'OS MENSALEIROS' que botaram a mão no bolso do povo?”.

Ontem (11/06), o jornalista Ricardo Rosseto, da Carta Capital, estava in loco no momento do conflito entre a polícia e manifestantes. Por volta das 22h40, Rosseto postou na rede social Facebook: “De acordo com o tenente-coronel Pignatari, comandante da situação, ao menos 20 pessoas tinha sido presas até às 22h30, horário em que ele ofereceu uma mini-coletiva ali mesmo na esquina da Haddock Lobo com a Paulista. Eles estavam sendo levados para o 78º DP, nos Jardins. Na maioria dos casos por depredação. A maior ofensa, entretanto, segundo ele, era desacato. Mas não havia camburão pra leva todo mundo que xingasse a PM, conforme falou Pignatari.”

Os representantes públicos trabalham para manter a ordem, mas a juventude urge. “Tem mais, às 17h, saindo do Teatro Municipal”, informou Rosseto em referência ao ato de amanhã (quinta-feira). “O governador está curtindo em Paris com o $ dinheiro (patrimônio) público e de lá quer processar aqueles que lutam por transporte coletivo de qualidade e preço justo”, avaliou o internauta Diogo, às 10h48, na Folha Online.

Enquanto isso, a população se posiciona: “pode protestar, mas sem violência”. Os fantasmas contra-atacam.

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