O empreendedor e especialista em tecnologia fala sobre drones,
vigilância e o que está por vir
Autor: Benjamin Pauker
Fonte: Foreign Policy
Chris Anderson durante palestra em San Diego,
na Califórnia (James Duncan Davidson/Wikimedia)
Chris Anderson já foi chamado de diversas coisas: visionário,
pioneiro da economia na internet e evangelizador do ideal Do it
Yourself 2.0 (Faça você mesmo). Contudo, não seria imprudente
compará-lo a um cata-vento: ou seja, ele não pode controlar as
correntes de ar, mas certamente é o primeiro a indicar qual a
direção do vento. Físico, com especialização em mecânica
quântica, foi Anderson que trouxe as curiosidades científicas para
dentro da revista Wired. Durante seus 12 anos como editor, a
publicação fez ciência e tecnologia parecer algo legal para os
leitores. Nesse período, escreveu a trilogia das grandes ideias do
Vale do Silício, na Califórnia, apresentando teorias como a “Calda
Longa”, ou a venda online de qualquer coisa, e o conceito de
gratuidade como um bom negócio. Seu último manifesto é “Makers:
The New Industrial Revolution”, algo como “Fabricantes: a Nova
Revolução Industrial”, onde ele conta estar investindo o seu
dinheiro na 3D Robotics, uma empresa faça-você-mesmo que fabrica
drones e enxerga oportunidade em qualquer parte do mundo. Depois
disso, Anderson deixou de ser cata-vento. Está buscando os céus.
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As novas tecnologias, da viagem espacial à internet, sempre
começam com custos muito altos e nas mãos dos militares.
Depois, com a expansão em escala, a Lei de Moore* funciona como num
passe de mágica. É quando as novas tecnologias atingem o consumidor
em geral e é nessa hora que palavras como “personalização”
entram em cena. Nesse ponto, não há espaço para apostas. Com os
drones, estamos exatamente nesse estágio. Nós estamos começando
notar alguns efeitos tais como os que surgiram com o advento do
computador pessoal e da internet. A minha esperança é que as
pessoas algum dia esqueçam que os drones começaram como uma
tecnologia militar.
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E se, a cada manhã, um drone pudesse decolar e fazer a
pulverização da lavoura. Ali mesmo no café da manhã, você
poderia ter um relatório diário, independente do tipo de plantação
que você tenha: tomates, trigo, uvas, entre outras. É possível
saber se há um surto de pragas, de fungos ou doenças. Esse tipo de
informação é de grande valor para fazendeiros por que isso pode
significar uma boa economia. Além de contribuir também para o meio
ambiente porque os fazendeiros usarão menos produtos químicos e
menos água. Não podemos nos esquecer que temos um grande problema
com a indústria mundial do agronegócio que, de acordo com a minha
epifania, poderia ser resolvido com câmeras no céu.
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Câmeras estão espalhadas por toda parte, em qualquer lugar da
nossa vida. E, é claro, isso gera preocupação em relação à
privacidade. No entanto, a nossa percepção no que diz respeito à
privacidade que nós temos e aquela que nós imaginamos é bem
diferente. Nos Estados Unidos, a regulamentação desse tema é
baseada no que nós chamamos de “Expectativa Razoável de
Privacidade”, e que abrange o nível distrital. Sendo assim,
diferentes bairros têm diferentes expectativas razoáveis de
privacidade e que podem mudar a qualquer momento. É aquela velha
história: eu tenho uma expectativa, meus filhos outra.
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É difícil ignorar o fato de que estamos vivendo um período de
exponencial inovação tecnológica. Os drones personalizados são
basicamente os dividendos da paz contra a guerra dos smartphones, no
que diz respeito aos componentes de um aparelho – sensores, GPS,
câmera, processadores, wireless, memória, bateria – enfim, todas
aquelas coisas que são produzidas numa escala incrível para atender
os últimos lançamentos da Apple, Google, e outros, e que estão
disponíveis por uma bagatela. Há 10 anos, eles eram inacessíveis.
E, em sua maioria, foram tecnologias desenvolvidas para a indústria
militar; hoje, você pode comprar qualquer um desses produtos nas
lojas RadioShack. Nunca vi uma evolução tão rápida na tecnologia
como a que acontece atualmente. Tudo isso, porque podemos levar um
supercomputador no bolso.
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Atualmente, eu não cometo mais o erro de tentar prever o futuro,
prefiro sugá-lo. Tenho uma queda por isso – e me perdoem pelo
trocadilho semântico aqui –, por desabar com a famosa afirmação
de William Gibson que diz “O futuro é agora, e é simplesmente
desigual”. Para prever o futuro, você tem que manter seus olhos
bem abertos nele.
* Em 1965, o co-fundador da Intel Gordon Moore previu que o número de transistores em um pedaço de silício iria dobrar a cada dois anos, criando a conhecida Lei de Moore (Fonte: HowStuffWorks)
* Em 1965, o co-fundador da Intel Gordon Moore previu que o número de transistores em um pedaço de silício iria dobrar a cada dois anos, criando a conhecida Lei de Moore (Fonte: HowStuffWorks)
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